terça-feira, 27 de julho de 2010

Mártires da Anestesiologia



Mártires da Anestesiologia

Os pioneiros da anestesiologia tiveram de aprender a conviver com a possibilidade de uma complicação que não envolvia somente a integridade do paciente, mas também a sua.
Durante mais de um século os anestésicos inflamáveis fizeram parte do pior pesadelo do anestesiologista. O primeiro relato de fogo devido a um agente anestésico ocorreu em 1850, durante uma cirurgia facial em que foi utilizado o éter. Desde então, muitos casos de fogo e explosões foram relatados, causados pelo éter, pelo acetileno, pelo etileno e pelo ciclopropano1. Relatos de morte e destruição se tornaram freqüentes depois que a prática de administrar o oxigênio, em vez do ar, se tornou rotineira. Muitos incidentes não foram relatados e os que foram publicados não traziam detalhes essenciais.
Os compêndios de anestesiologia do século passado apresentavam capítulos especiais sobre explosão e fogo decorrentes destes anestésicos inalatórios, como este texto extraído de um livro da década de 502:
“Uma explosão anestésica ocorre devido à rápida combustão de vapores ou gases usualmente detonados por faísca ou calor. A presença de fogo ou explosão dependerá da mistura de oxigênio adicionada ao gás inflamável. A incidência é provavelmente maior do que se supõe, pois se o paciente ou staff sofreram queimaduras graves ou morreram, será improvável que este acidente seja relatado ou encontrado em uma busca na literatura médica. Woodbridge (1939), nos Estados Unidos, estimou que explosões ocorram entre 2 a 4 para cada 100.000 anestesias, e Pinson (1930), relatou em torno de 100 casos de queimaduras ou explosões por éter a cada ano na Grã-bretanha.”
Com a exceção do clorofórmio e do trilene, todos os demais anestésicos inalatórios eram potencialmente explosivos.
Para que uma explosão ocorresse o gás que estava no sistema necessitava de uma fonte externa de calor, escape de gases entre as conexões de metal ou através das válvulas expiratórias parcialmente ocluidas, especialmente quando a respiração estava sendo assistida.
O ciclopropano era considerado o gás mais perigoso, não por ele causar mais danos que a mistura éter-oxigênio, mas porque a energia necessária para uma faísca para a sua ignição era muito menor que aquela requerida para uma explosão com éter.
O perigo do uso de misturas explosivas com a diatermia, o cautério, os motores elétricos e os contatos metálicos poderiam ser evitados, mas a faísca por estática constituía uma das principais fontes de ignição.
Outras fontes de ignição eram os interruptores e tomadas de força. Devido às propriedades físico-químicas do éter, ao longo dos anos as tomadas de força deixaram de ser instaladas próximas do piso, onde o este gás ficava acumulado.
A morte de pacientes que sofreram danos devido a uma explosão, não era sempre imediata, um intervalo de algumas horas poderia decorrer até que os resultados do trauma fossem aparentes. Estes pacientes morriam por danos pulmonares, como observado em inúmeros acidentes durante a segunda grande guerra2. Os exames anatomopatológicos destes pulmões mostravam hemorragia intersticial difusa. Sangue podia ser encontrado na traquéia e brônquios e queimaduras superficiais da pele poderiam ser visíveis.
Em 1953, após vários relatos e com a finalidade de prevenir futuros acidentes, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia organizou uma comissão que conjuntamente com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaboraram normas para o manuseio de gases comprimidos medicinais3.
Um dos casos mais trágicos da anestesiologia mundial, ocorreu em 6 de maio de 1963 em Santiago do Chile. Uma explosão provocada pelo ciclopropano vitimou no local e nos dias que se seguiram, dois pacientes pediátricos, dois anestesiologistas e dois ortopedistas. Além das vitimas fatais e danos materiais, vários auxiliares desenvolveram seqüelas que impossibilitaram o retorno a suas atividades normais4. Após este evento o ciclopropano foi proibido no Chile. Durante o XXIV Congresso Latinoamericano de Anestesiologia realizado em 1997 naquela cidade, foram feitas homenagens aos intitulados “Mártires de la Anestesiologia”.
Felizmente, há algumas décadas os agentes anestésicos inflamáveis deram lugar aos halogenados e deixaram de ser utilizados, passando a ter somente interesse histórico. No entanto, o fogo e a explosão de outras causas, como por exemplo: gases intestinais, agentes esterilizantes e durante a cirurgia a laser, entre outros, continuam a ser relatados.

Dr.Carlos Rogério Degrandi Oliveira, TSA
Co-responsável pelo CET em Anestesiologia da Santa Casa de Santos; Membro da Comissão Científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo; Membro da Comissão de Normas Técnicas e Segurança em Anestesia da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CNTSA)

Artigo autorizado pelo autor Dr. Rogério Degrandi

Respiração Pulmonar


Quando se fala em volume corrente deve-se lembrar que um ciclo respiratório envolve a entrada e saída de ar dos pulmões ( ventilação) e que durante um minuto de 12 a 18 ciclos podem ocorrer. Diversos fatores tais como o sono, a dor, as emoções, o choro , a fonação, as necessidades metabólicas podem modificar a ventilação recebendo então, denominações especiais:

PNÉIA - sufixo relativo à respiração (ventilação): EUPNÉIA = respiração normal, sem
qualquer sensação subjetiva de desconforto.

TAQUIPNÉIA: aumento da freqüência respiratória
BRADIPNÉIA: diminuição da freqüência respiratória
HIPERVENTILAÇÃO: aumento da ventilação global, mais corretamente, aumento da
ventilação alveolar além das necessidades metabólicas
HIPOVENTILAÇÃO: diminuição da ventilação global, ou seja, diminuição da ventilação dos
alvéolos aquém das necessidades metabólicas.
APNÉIA: parada dos movimentos respiratórios ao final de expiração basal
APNEUSE: interrupção dos movimentos respiratórios ao final da inspiração
DISPNÉIA: respiração laboriosa, sensação subjetiva de dificuldade respiratória.